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Minha Terra

Já te falei como é minha terra? Pois bem, ela é vermelha Uma terra vermelha que molhada de chuva parece roxa e marrom. Molhada assim, vira barro que gruda no calçado e quando a gente anda vai grudando barro e vamos crescendo, crescendo em enormes tamancos de barro. Existem dias em que o sol faz festa nas folhas das árvores e brilha de um jeito em que é possível ouvir a música do colorido balançar do vento. Minha terra, quando chega a hora do sol se esconder, transforma o céu em um espetáculo de cores,formas e encantamento. É assim minha terra. mas eu sei que a terra que é minha é todo o universo dito no Divino verso: "A Terra é um só País..." Este pequeno pedaço de chão que designo de meu é um pedaço do mundo que um dia será livre das cercas físicas, das cercas políticas, das cercas das almas. Helena Rosali

Luar

A lua entra em meu quarto morna e calma acompanhada pelo vento que espalha música nas folhas das árvores. A colcha de retalhos exibe tons desmaiados da luz do luar. Meus olhos buscam na imensidão do céu tudo o mais além da lua Buscam a minha lua em mim. Helena Rosali

Angústia

Quando o corpo reclama e, angustiado sofre até se perder nos labirintos da mente nada há que possa traze-lo de volta Grades impedem a saída, correntes pesadas impedem as pernas de correrem paredes escuras escondem o sol o silêncio impera nos olhos em busca de frestas. Os olhos ensurdecem de dor pelo que já não querem saber, nem sentir. Nos lábios marcas de palavras que nunca serão ditas. Nos retratos, sorrisos de uma imaginação desfigurada. Helena Rosali

Boneca de pano

BONECAS Tecidos, linhas e lãs e elas tomam forma. São felizes, coloridas e nos trazem a alegria da infância. Nestas horas, perdida entre as linhas e as agulhas sinto a dor nos dedos das furadas de agulha, das espetadas dos alfinetes. E a mão que dói de tanto repetir os mesmos movimentos mas, sinto a alma quieta à espera do rosto que me fará sorrir. O pensamento que some pelo espaço do existir nos dias em que o mundo não sabe para onde vai e meu abrigo acaba sendo o infinito mundo da criação. Uma boneca traz em si o vislumbre do sorriso de uma menina O carinho de um lar nas horas de brincadeiras. Um sorriso nos olhos de crianças eternas. Helena Rosali                  

Colcha de patchwork

Terminar uma colcha de patchwork é como voltar de uma longa viagem. Abrir a porta de casa, jogar-se no sofá e recordar os momentos preciosos de tantas descobertas paisagens, pessoas, rios, mares. É como voltar feliz com a mala cheia de novidades, o corpo cansado e a alma serena. Helena Rosali " Quadrado no quadrado" Confeccionada com tecidos de algodão em tons de lilás, listras e arabescos conferem a esta colcha um ar exótico. Uma colcha formada por 36 blocos de 39x39cm.  Detalhe do Bloco.

Boneca de pano

Os últimos dias foram de uma rara diversão. Uma alegria boa conduzia a agulha pelos tecidos coloridos de algodão e criava bonecas. Várias passaram a existir como belos poemas da infância. Esta, que chamei de Ruth, tem uma suavidade angelical e traduz uma harmonia das horas em que tecidos, linhas e agulhas fabricam sentimentos cheios de cor! Helena Rosali

Red Work

O vermelho traduz a alegria de viver. Foi o que pensei olhando um guia de cores. Da janela, pude perceber o amarelo queimado das plantas do jardim. A seca do final do inverno trazia um desejo enorme de ver a alegria brotando na natureza. O vermelho poderia traduzir esta alegria, então peguei agulha e linha e bordei em vermelho uma cena infantil. Alguns dias ficou guardado entre os trabalhos inacabados ou esperando a hora certa de nascer. Pensei então em unir o bordado e o patchwork para fazer uma manta infantil. Vou fazê-la de dupla face. Por enquanto só tenho três blocos. Estou recortando e montando novos blocos, mas a ansiedade me faz publicar para que vejam pedaços de alegria passeando por este blog.

A CASA DE MEU PAI

De manhã, quando entrei na rua que fica logo atrás da padaria vi o carro. Parado em frente à casa, embaixo da árvore. Um lindo pé de pata de vaca florido. O carro salpicado de folhas e flores anunciava que meu pai estava em casa. Com toda certeza estava em casa lendo jornal, ou vendo televisão ou conversando histórias. Senti uma gota de sangue explodir em meus pensamentos: um dia isso tudo passa tudo passa Como passou a casa do meu avô com o carro na frente denunciando que ele estava ali. Hoje não existe mais a casa, o carro não existe meu avô! A vida é um segundo que pretendemos transformar em anos. A casa do meu pai, com seu carro estacionado na frente confortam-me a alma Ele está lá, minha mãe está lá Eu tenho pra onde voltar... Eu ainda posso sorrir com eles e ouvir alegrias, desejos de boa sorte. Ainda posso tomar café nas tardes mornas de agosto. Quem dera não passassem as horas. Helena Rosali

Universo

Existe um universo no verso de tanto existir. Um Deus que alimenta as almas e acalma as chamas que roubam a calma dos dias de sol. Um verso que canta a fuga das horas a solidão da dor e o encontro do tempo que chora as folhas de outono no chão. Meu universo não versa com a serenidade de dias claros, tagiversa nas poças de águas da chuva e nas gotas que se equilibram nas folhas das árvores molhadas de tantas nuvens. Existe um universo nos versos dos versos do que sei dizer. Helena Rosali