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Cajueiro em flor

O jardim viceja e revolve a terra com raízes novas. As rosas florescem, os gerâneos explodem em flores, os camarões atraem os beija-flores, as primaveras espalham-se em galhos e cachos, a magnólia desaba ao peso de tantas flores e enche o ar de um perfume doce e convidativo, a rainha da noite abre-se em perfumes apenas uma noite e as orquídeas gritam de tanta beleza. Em meio a tantas flores existe um cajueiro em flor. Suas delicadas flores exalam, também, um delicado e doce perfume. Falar sobre o cajueiro parece-me reportar aos dias de inverno quando suas folhas haviam caído e a beleza havia desaparecido de seus galhos. Naqueles dias, facilmente eu poderia imaginar que suas folhas jamais voltariam, que a geada havia tomado conta de sua existência. Sentada na varanda, olhando aquela bela árvore, imaginei assim os dias de nossas vidas. Dias de inverno, quando as adversidades parecem ocupar toda a nossa atenção e, as nossas forças esvaem-se. Quando temos

Um dia para refletir

Viajando pelas estradas de São Paulo, contornando montanhas, admirando as nuvens, sentindo o vento gelado, reportei-me aos dias em que, criança ouvia meu avô tocando violão e cantando nas noites das minhas férias escolares. Na fazenda, o cheiro úmido do mato, o mugido do gado e o luar formavam a cena perfeita para minhas memórias. Da cozinha escapava o cheiro maravilhoso do arroz de carreteiro de minha avó. Que ela fazia com carne seca e arroz lá da fazenda, descascado no pilão e abanado na peneira. E, com o detalhe de ser feito no fogão à lenha. Saudades do vô Auro e da vó Aurora. Hoje, dia de finados, percebi a saudade de tempos que nunca mais vou viver. Perdida nos pensamentos, fiz orações para eles e lembrei-me que este mundo material é só uma passagem, um tempo de aprendizado para algo infinitamente maior. Dia desses sonhei com minha vó Ernestina e saí atrás dela tentando acompanhá-la. No sonho ela pediu que eu voltasse para trocar a roupa que estava usando. Foi tão real e s

ÚLTIMO DIA DE OUTUBRO

          Alguns dias, em meu pequeno ateliê de costura, encantava-me com a beleza dos trabalhos de Ana Consentino. Suas aulas de patchwork, que assistia nos canais de TV, continham um quê de "Quero conhecer pessoalmente esta professora e ver com os olhos e com as mãos os trabalhos que, de forma magistral, ensina nos passo a passos.           Seu ateliê é encantador. Tem uma atmosfera aconchegante e convidativa. Senti-me em casa e conversei com a Ana como se já fossemos amigas.           O patchwork é uma arte que vai além da união de retalhos para criar formas, é uma expressão da alma inquieta na busca da combinação perfeita, do encaixe mágico e no compartilhar experiências e técnicas. Uma arte que agrega sonhos e esperanças e troca retalhos em dias de tarde morna com cheiro de café e bolo de fubá.