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Mostrando postagens de novembro, 2011

Apliqué - Maleta de costura

Esta é uma maleta de costura com apliqué na parte da frente.  Pra enfeitar um poquinho mais, bordei raminhos e costurei pequenas flores que comprei prontas e coloquei fuxiquinhos nas laterais.  Este é o interior da maleta. Tem três estojos, porta retrós, porta tesoura, agulheiro, alfineteiro e um estojo chapado grande. Aqui está o desenho da máquina para você fazer o seu apliqué! Dúvidas é só me escrever!

Uma senhora

Um coração em prantos recosta-se nas grades da memória e implora que dias melhores aconteçam! Vi uma senhora indígena, linda em seu vestido preto de flores minúsculas, sentada na calçada da casa vizinha. Ao seu lado havia uma sacola com roupas, alimentos, que certamente foram ofertados por alguma alma boa. Em seu colo um pratinho de plástico com pão. Era linda, linda como uma pintura divina. Olhos fitando o chão enquanto sorvia seu almoço. Senti a angústia em seu semblante. O abandono em seus olhos tristes. Ainda chora minha alma com a lembrança daquela linda senhora à beira da vida. Helena Rosali

SONHO INDÍGENA

            Eu vi Carlos na rua do comércio, cheio de flechas artesanais para vender. Seus olhos corriam lá onde não podia alcançar.           Por que tinha que ser assim?           Vender flechas, ser visto como um empecilho. Caminhar indefinidamente por estas estradas... Daqui a pouco minhas estradas estarão cobertas de concreto... Minhas terras invadidas... Cada pequeno pedaço é cobiçado, é motivo de brigas, confusões, arbitrariedades.           Carlos fixa seus olhos nos prédios. Seu pensamento ecoa dentro de mim. “Eles acham que sou criança. Eles acham que eu não penso.”           “Índio não tem vontade própria, mas eu tenho”. “Tenho vontade de ter um carro, e sair estrada a fora, buscando o mundo, matas... Matas não há.”           A avenida subia morro acima. Avistava lá em cima uma porção de índios, descendo em busca, talvez de si mesmos, pois a cidade não os receberia. É assim, índio é índio e mais nada.           Se índio pensa?           Não, índio está ali, absorto em sua pr

Os Sete Vales

            " Um dos fenômenos criados é o sonho. Vê quantos segredos nele se acham depositados, quantas sabedorias entesouradas e quantos mundos ocultos. Observa: estás adormecido numa mroada cujas portas estão trancadas, mas, de súbito, te encontras numa cidade longínqua, onde entras sem mover os pés ou fatigar o corpo; vês sem fazer uso de teus olhos, e, sem esforço dos ouvidos, ouves; sem língua falas. E talvez presencies no mundo exterior, dez anos depois, as mesmíssimas coisas  que sonhaste essa noite.            Ora, há muitas sabedorias que ponderar no sonho, as quais ninguém pode compreender em seus elementos verdadeiros, a não ser os habitantes deste Vale (Vale da Admiração). Primeiro: que mundo é esse onde sem olhos, ouvidos, mãos ou língua, o Homem usa todos eles? Segundo: como é que vês hoje, no mundo exterior, a realização de um sonho que previste no mundo do sono há dez anos passados? Deves considerar a diferença entre esses dois mundos e os mistérios por ele encer

Cajueiro em flor

O jardim viceja e revolve a terra com raízes novas. As rosas florescem, os gerâneos explodem em flores, os camarões atraem os beija-flores, as primaveras espalham-se em galhos e cachos, a magnólia desaba ao peso de tantas flores e enche o ar de um perfume doce e convidativo, a rainha da noite abre-se em perfumes apenas uma noite e as orquídeas gritam de tanta beleza. Em meio a tantas flores existe um cajueiro em flor. Suas delicadas flores exalam, também, um delicado e doce perfume. Falar sobre o cajueiro parece-me reportar aos dias de inverno quando suas folhas haviam caído e a beleza havia desaparecido de seus galhos. Naqueles dias, facilmente eu poderia imaginar que suas folhas jamais voltariam, que a geada havia tomado conta de sua existência. Sentada na varanda, olhando aquela bela árvore, imaginei assim os dias de nossas vidas. Dias de inverno, quando as adversidades parecem ocupar toda a nossa atenção e, as nossas forças esvaem-se. Quando temos

Um dia para refletir

Viajando pelas estradas de São Paulo, contornando montanhas, admirando as nuvens, sentindo o vento gelado, reportei-me aos dias em que, criança ouvia meu avô tocando violão e cantando nas noites das minhas férias escolares. Na fazenda, o cheiro úmido do mato, o mugido do gado e o luar formavam a cena perfeita para minhas memórias. Da cozinha escapava o cheiro maravilhoso do arroz de carreteiro de minha avó. Que ela fazia com carne seca e arroz lá da fazenda, descascado no pilão e abanado na peneira. E, com o detalhe de ser feito no fogão à lenha. Saudades do vô Auro e da vó Aurora. Hoje, dia de finados, percebi a saudade de tempos que nunca mais vou viver. Perdida nos pensamentos, fiz orações para eles e lembrei-me que este mundo material é só uma passagem, um tempo de aprendizado para algo infinitamente maior. Dia desses sonhei com minha vó Ernestina e saí atrás dela tentando acompanhá-la. No sonho ela pediu que eu voltasse para trocar a roupa que estava usando. Foi tão real e s

ÚLTIMO DIA DE OUTUBRO

          Alguns dias, em meu pequeno ateliê de costura, encantava-me com a beleza dos trabalhos de Ana Consentino. Suas aulas de patchwork, que assistia nos canais de TV, continham um quê de "Quero conhecer pessoalmente esta professora e ver com os olhos e com as mãos os trabalhos que, de forma magistral, ensina nos passo a passos.           Seu ateliê é encantador. Tem uma atmosfera aconchegante e convidativa. Senti-me em casa e conversei com a Ana como se já fossemos amigas.           O patchwork é uma arte que vai além da união de retalhos para criar formas, é uma expressão da alma inquieta na busca da combinação perfeita, do encaixe mágico e no compartilhar experiências e técnicas. Uma arte que agrega sonhos e esperanças e troca retalhos em dias de tarde morna com cheiro de café e bolo de fubá.