Eu vi Carlos na rua do comércio, cheio de flechas artesanais para vender. Seus olhos corriam lá onde não podia alcançar. Por que tinha que ser assim? Vender flechas, ser visto como um empecilho. Caminhar indefinidamente por estas estradas... Daqui a pouco minhas estradas estarão cobertas de concreto... Minhas terras invadidas... Cada pequeno pedaço é cobiçado, é motivo de brigas, confusões, arbitrariedades. Carlos fixa seus olhos nos prédios. Seu pensamento ecoa dentro de mim. “Eles acham que sou criança. Eles acham que eu não penso.” “Índio não tem vontade própria, mas eu tenho”. “Tenho vontade de ter um carro, e sair estrada a fora, buscando o mundo, matas... Matas não há.” A avenida subia morro acima. Avistava lá em cima uma porção de índios, descendo em busca, talvez de si mesmos, pois a cidade não os receberia. É assim, índio é índio e mais nada. Se índio pensa? Não, índio está ali, absorto em sua pr